17 de maio de 2014

Dreamzzz...

No episódio anterior, as amigas entram numa loja de alta-costura parisiense e Verónica não resiste a experimentar um vestido. Cátia vê, através da vitrine, um homem que passa do lado de fora da loja, e que a põe em sobressalto.


4º episódio

- Quel est ton problem?!
- Jean!! Excusez pour mon mari, mademoiselle! Il est perturbée parce que son père est malade.
Verónica apenas estava a olhar para o vazio, mas na direcção do homem que se sentiu ofendido pelo seu olhar. A esposa veio apressadamente afastar o marido e pedir desculpas a Verónica, dizendo-lhe que o marido estava assim por causa do pai que estava internado no hospital. Verónica consentiu num gesto com a cabeça, quase sem se dar conta do sucedido, pois ela própria matutava sobre o estado da amiga, Cátia, que tinha dado entrada no hospital. Sem se dar conta, um senhor de bata branca e estetoscópio ao pescoço aproxima-se dela:
- "Senhorra... se quisérr pode vêrr a sua amiga. Ela já acorrdou e está bem."
- Ah... obrigado. Vou entrar então - responde Verónica, ansiosa por ver a amiga em bom estado. Entra no quarto, vê Cátia a levantar-se de uma marquesa, e corre para ela - Cátia! Então, mulher? Estás bem? Como te sentes?
- Estou bem, tem calma... - sorrindo por ver a amiga tão disposta a ajudá-la - Que me aconteceu? Não me lembro de nada.
- De nada? - Verónica temia que a amiga se exaltasse de novo com o que havia acontecido e então decidiu fazê-la lembrar-se devagarinho - Qual é a última coisa de que te lembras?
- Lembro-me termos estado numa loja... sim, de moda, e tu ficaste doida por um vestido, agora recordo-me! Que me aconteceu aí?
- Eu fui experimentar o vestido e tu... - Verónica temia ainda que Cátia tivésse uma recaída - Deixa lá, logo te lembras... Vamos sair daqui e apanhar ar puro, que isto aqui é só doenças.
As amigas saem então do hospital. O sol já se tinha posto por completo, e uma lua cheia e resplandecente tomou-lhe o lugar, dando um luar romântico às ruas de Paris. Cátia leva a mão ao estômago:
- Já comia qualquer coisa. Faz horas que não comemos - olha em volta - ali, do outro lado da praça, uma loja de crepes, 'bora lá! Finalmente vou provar um autêntico "crrépe" francês!
- Autêntico porquê? Os crepes são franceses?
Cátia pára repentinamente e vira para a amiga os olhos bem abertos de espanto:
- 'Tás a gozar comigo...! Não sabias?! Foi um francês que inventou há centenas de anos atrás. Bem, não foi bem inventar... ele fazia massa de pão e, certa vez, com a sobra de um pouco de massa, estreitou com o rolo da massa, fritou e acrescentou-lhe um doce qualquer, não me lembro qual, e pronto, foi assim. Aquilo pegou moda e ainda hoje se fazem. Até abrem lojas só disso, vê lá tu - fazendo um movimento rápido com o queixo para a frente, na direcção da "Crêperie", e pegando no braço de Verónica fazendo-a andar na direcção da casa de crépes - e nós vamos lá agora.
- Ok, não te sabia tão culta... Mas porquê crépe? Porquê esse nome a um bocado de massa que sobrou do que era para ser pão? - as amigas tinham agora chegado à esplanada da creperia.
- Senta-te e escolhe o teu crépe - já sentada, Cátia folheia ela também o menú com os variados crépes, e responde à amiga - Porque o termo francês "crêpe" deriva do latim "crispus". Acho que já chegas lá... Massa de farinha de trigo, mais leite e ovos, numa folha super fina e aquecida numa frigideira... "voilá", panqueca crispada! Ou crépe! - e sorri para Verónica.
- Caramba, mulher, tenho de sair mais vezes contigo. És um poço de cultura.
- Ora, não exageres... É cultura geral que me passa pelas mãos apenas, fruto do meu emprego.
- E que eu admiro muito. Mas eu não conseguia, dou-te crédito por isso. Jornalismo deve ser super stressante, não?
- Ao princípio sim. Tens de ter nervos de aço. Mas depois habituas-te.
O "garçon" chegava agora à mesa e esperava o pedido das amigas. Cátia fica calada a olhar para o homem, e depois para Verónica, que lhe diz em jeito de gozo:
- Tanta cultura sobre uma palavra francesa e não falas francês, ahah - vira-se para o empregado - "un crêpe au chocolat" - e vira-se para Cátia - E tu, que queres? - mas Cátia torna-se distante e responde demoradamente:
- Pode ser baunilha - o homem entende, recolhe os menús e entra loja adentro. Verónica repara na cara séria de Cátia e começa a estranhá-la:
- Cátia? Tu estás bem? Só estava a brincar contigo, não te queria ofender... - mas não era esse o motivo de Cátia:
- Começo a lembrar-me... da loja dos vestidos... Passou um homem...
- Calma, Cátia. Vai devagarinho... Depois disso chamaste por mim e desmaiaste, por isso chamei um ambulância, daí teres acordado no hospital. Mas calma, amiga, que homem era esse? Tu relacionaste-o com o do hotel. Porque te assustou tanto? - Cátia leva lentamente as mãos à cabeça, e fala vagarosamente:
- As coisas... estão a surgir-me na mente... O homem na loja, o homem do hotel... acho que não têm culpa de nada. Eu... qualquer coisa mais antiga...
- Não têm culpa do quê? Que coisa mais antiga? Cátia, não estás a dizer coisa com coisa...
Cátia, que se mantinha de olhar perdido na mesa à sua frente, levanta agora o olhar para a amiga:
- Lembras-te de me teres acordado lá em minha casa?
- Sim, e depois saímos para conversar e decidimos vir a Paris. E cá estamos. Que tem isso a ver com os homens?
- Tem que estes homens só me puxaram a memória para outra coisa que não tem nada que haver com eles...
Verónica aguarda continuação do raciocínio da amiga mas, vendo que se demora, despacha-a:
- Sim...? Continua. Não tem a haver com eles...?
- Tem a haver contigo!



Não percas o próximo episódio...

13 comentários:

  1. Suspense... curiosa aqui, o que será que os homens tem a ver com Cátia?

    Oi Flip amanhã estarei participando do boca do céu(encontro internacional de contadores de história), postarei fotos, depois entre na Literatura para visualizar)
    Beijos

    ResponderEliminar
  2. Obrigada.
    Quanto às configurações, não faço a mínima ideia do que possa ser...

    ResponderEliminar
  3. Suponho que o meu blog não seja deste mundo... Mesmo assim, obrigada!

    ResponderEliminar
  4. R: Não sei... acho mesmo que se esqueceram que existo. Sinto-me sozinha

    ResponderEliminar
  5. Esta novela está a ser um vício, fico sempre curiosa pelo próximo episódio.
    R: É verdade :)
    beijinho grande ♥

    http://naervilhadapolly.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  6. Ai que vontade de saber o que vai acontecer a seguir!!!!

    ResponderEliminar
  7. és tu que escreves estas histórias lindas?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Catarina F, sou eu que escrevo, sim. Dá-me muito prazer. Há muito que não escrevia, mas hoje voltei. Obrigado :)

      Eliminar
  8. A mystery! Great writing ;o) I love crepes ;o)
    All the best ;o)

    ResponderEliminar
  9. R: É o que mais preciso neste momento... falta-me o tempo

    ResponderEliminar
  10. A açoriana por aqui já passou, hehe, desculpa a demora :)

    ResponderEliminar
  11. Estou viciada :)
    r: ótimo serão mesmo :)

    ResponderEliminar
  12. Adoro acompanhar sua novela...parabéns pelo seu dom.
    Beijo
    Letícia
    www.leticiapsicologa.blogspot.com.br
    www.tipoassimtomsik.blogspot.com.br

    ResponderEliminar