15 de maio de 2013

Finest hour

No episódio anterior: Agentes especiais Jéssica e Diego confrontam um criminoso que ameaça uma criança. Jéssica precipita-se e é baleada. Diego vinga a colega e dispara sobre o bandido, matando-o e libertando a criança. Diego desespera pela chegada de ajuda médica enquanto Jéssica perde as forças...


episódio 2º

   - ...e portanto, meus caros, é trabalho chato, mas imprescindível ser feito, o de preencher papelada interna, pois ajuda a manter-nos coesos em nossas ações. Muitos de nós já o sabemos por experiência própria, mas é sempre bom recordar. E agora vão às vossas vidas, que eu tenho mais que fazer.
   Terminava assim o chefe mais um discurso dirigido aos agentes presentes, veteranos e iniciados, enquanto ajeitava as folhas que usara como memorando para o que tinha dito. Olhou de relance para Diego, que estava sentado no canto do fundo da sala, e ainda o único presente. Já todos haviam saído, numa algazarra de conversas. O chefe aproxima-se de Diego:
   - O que é que apanhaste do que eu disse?
   Diego levanta os olhos em direção ao chefe, mas sem mover a cabeça, totalmente alheio ao discurso anterior. Levanta os ombros e faz um trejeito com os lábios, como quem diz não sei. O chefe não tem dúvidas:
   - Está decidido: vais uma semana de licença para onde quiseres. Aqui assim não me vales muito. Nem a ti próprio, bem sabes.
   - Como assim, chefe? Sabe que sou o mais dedicado e não falho uma chamada. Por não ter estado atento hoje, retira-me logo as funções?! Sabe bem que eu nem preciso sequer destas informações sobre escritos internos, faço-os a todos!
   - E tu sabes bem que não é esse o problema... e sabes bem que não estarás com os reflexos a cem por cento lá fora, numa qualquer situação de perigo. Estás muito entranhado no acontecido com a Jéssica. Precisas descansar. Vai, é uma ordem. E deixa a arma no armazém, não estás em condições de andar armado.
   Diego nunca havia perdido o controle às suas emoções, mas agora sabia que o chefe tinha razão.
   - Dois dias, chefe. É suficiente. Pode contar comigo.
   - O tempo que for preciso, Diego, não tenhas pressa. Relaxa-me esses neurónios...
   Uns breves momentos pensativo, Diego consente e sai. Deixa a arma com o responsável de armazém e sai em passo rápido para a rua, assobia com vigor a um táxi, que pára em sua frente, e entra para o banco de trás:
   - Hospital Central, rápido!
   Habituado às pressas de polícias, o taxista apenas responde "sim, senhor!" e mete prego a fundo. Dez minutos depois, quase do outro lado da cidade e após vários semáforos vermelhos passados:
   - Fique com o troco! - diz Diego enquanto abre a porta e sai em passo rápido para a entrada principal do hospital, sem sequer reparar que havia deixado uma nota de cinquenta para o valor de sete indicado no taxímetro. Entra hospital adentro, perscruta com o olhar de um lado ao outro, vê o balcão de informações à esquerda, dirige-se à senhora por detrás deste e, antes sequer de pousar as mãos no balcão, exclama:
   - Jéssica Sands!
   - Perdão, senhor?
   - A minha colega, veio para este hospital, com um ferimento de bala, Jéssica Sands! Onde está?
   - Ah, concerteza... Lamento senhor, mas a esta hora não podem entrar visitas. Mais trinta minutos. Pode esperar na salinha aqui ao lado...
   Diego mostra-se impaciente, mas decide acalmar. Afinal era só mais meia hora. Olha para o lado, vê duas largas portas abertas a dividir a sala de espera do local de entrada onde estava e dirige-se para lá. Vê algumas pessoas sentadas, encontra uma cadeira vaga e senta-se, não reparando em quem estava ao lado:
   - Senhor...
Diego vira a cabeça para o lado e vê uma criança, com os seus nove anos:
   - Obrigado...
Subitamente Diego reconhece a criança que salvou dos braços do criminoso dois dias antes:
   - Miúdo! Estás aqui...! Que fazes aqui? Porque não estás com a tua família? - foi uma rajada de perguntas agressivas, pensou Diego por momentos - Desculpa, antes de mais, como te chamas? Não cheguei a saber o teu nome.
   - Pode-me chamar Chico. É como os meus amigos me chamam. Vim cá ver a senhora polícia que, consigo, me salvou. Eu sabia que ela estava aqui. Estou à espera.
   - Ok, Chico. Eu sou o Diego. - apertou-lhe a mão com um sorriso sincero - Então vamos os dois, eu também vim ver a Jéssica. - Diego põe a mão sobre o ombro do rapaz e sorri carinhosamente - É o nome dela, sabes? Acho que vai gostar de te ver. Estás aqui há muito tempo?
   Chico não teve tempo de responder. Uma voz vinda dos altifalantes anunciava a hora das visitas poderem entrar nos quartos dos respectivos visitados. Diego levanta-se e pega na mão de Chico:
   - Anda, depois acabamos a nossa conversa. Vamos ver como está a Jéssica.
   Uns corredores e curvas depois avistam o quarto de cuidados intensivos onde estaria Jéssica, segundo a senhora do balcão de  informações, à qual Diego perguntou quando lá passou de novo ao sair da sala de espera com Chico. Mas a escassos metros da porta ambos se assustam com o abrir repentino desta. Uma enfermeira acaba de sair lá de dentro e, vendo que Diego e Chico para lá se dirigem, informa-os:
   - Vêm de visita? Peço-vos que não façam barulho. A menina Jéssica ainda se encontra em estado inconsciente e com diagnóstico reservado. - vira-se para Diego - Se quiser chamo o doutor para vir falar consigo...
   - Agradecia que o fizesse, então. Obrigado.
   A enfermeira prossegue caminho na direção por onde Diego e Chico vinham, enquanto estes se entreolham, como que para darem força um ao outro antes da entrada no quarto da colega e amiga. Diego inspira fundo, pega na mão de Chico, viram-se ambos para a porta, e empurram-na. A primeira vista que têm é de uma senhora idosa na cama, ligada a soro. Jéssica encontrava-se deitada na cama seguinte, paralela a esta. Cumprimentaram com um "boa tarde" a senhora idosa, que se encontrava acordada e que igualmente respondeu, contornaram-na, e chegaram-se à cama de Jéssica. Estava com um ar calmo e tranquilo, como se de apenas um leve sono se tratasse. Contemplaram o seu rosto durante uns segundos em silêncio, quebrado logo após pela lenta e fraca voz da senhora deitada ao lado:
   - Não a... deixem...
Ambos Diego e Chico viram a cabeça para trás, com uma expressão inquisidora. Pergunta Diego:
   - Como, minha senhora?!
   - Não a deixem... ele pode... voltar....
   - Quem pode voltar? De que fala a senhora? Você está bem?
   - Eu... não interesso... a menina que está aí contou-me... coisas... e alguém veio... cá. Com más intenções... Fiquem... não vão.
   Diego, com a sua experiência em psicologia criminosa, começa a ver um padrão coerente no que a senhora relata, e tenta ajudá-la a dar-lhe mais indícios:
   - Calma, senhora. Eu estou aqui, ninguém vai fazer mal a ninguém. Agora, conte-me devagar, a seu tempo... Você disse que a Jéssica lhe falou? Quer dizer que ela esteve consciente?
   - A menina despertou... uns minutos, sim. Durante esta noite... que passou. Mas não tinha forças. Pediu-me um favor antes de... um homem ruim entrar... aqui. Eu não sei... quando ele voltará... fiquem... receio que...
   Antes que a senhora terminasse a frase, Diego começa a ouvir de longe uns passos pelo corredor que se aproximavam do quarto onde se encontravam. A sua mente preparada para o perigo calcula todos as ações possíveis e questiona rapidamente a senhora:
   - Você tem a certeza do que está a dizer?
   Os passos chegavam cada vez mais perto...
   - Sim... proteja essa menina...
   - Chico, vai p'ra baixo da cama já! Fica aí e não saias! - vira-se para a senhora - A senhora feche os olhos e finja-se de adormecida! - dizendo isto, salta ele próprio até à porta, encosta-se à parede, e tenta acalmar a respiração, que o denunciaria caso não a conseguisse controlar. Mas não estava a ser fácil. Se o que a senhora dissera fosse verdade, poderia muito bem ser alguém mal intencionado que se estava dirigindo ao quarto. E Diego estava fora de licença, e sem arma. É certo que tinha muito preparação corpo a corpo, mas neste momento reparara na falta que a arma lhe fazia, tornava-o menos confiante.
   Ainda com a respiração ofegante, fecha os punhos, olha de soslaio para debaixo da cama de Jéssica, onde está Chico, que lhe sorri a medo, volta a olhar para a porta, e prapara-se para a inevitável abertura desta, a escassos segundos de acontecer...
   Os passos ouvem-se mais lentos...
   Diego franze as sobrancelhas, aperta mais firmemente os punhos...
   A porta começa a abrir-se devagar...



Não percas o próximo episódio...

11 comentários:

  1. Estou a gostar bastante !

    R: completa-me , i'm a danger for humanity !
    I suck ! Just that

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  2. estou com pressa por isso li este episódio assim muito atabalhoadamente mas do que vi gostei (para variar né?:p).
    Outro dia sonhei contigo!!

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  3. r.:não faço a minima, a pessoa do meu sonho disse-me que era tu, por isso não sei que te diga!

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  4. Será que é apenas o médico com que o Diego pediu para falar ou algo mais? Ansiosa pelo próximo episódio!

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  5. Amanhã tenho de vir cá ler isto!!

    r: Ora nem mais!
    Ainda bem =)

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  6. r: ninguém nos vai achar malucos por sermos felizes, acho eu :b

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  7. Não perderei,certamente.

    Muita ação

    Já pensaste escrever um guião?

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  8. Hi ;o) Thanks for coming by my blog ;o) Sorry, I didn't visit earlier! You are an amazing writer! The door begins to open.....and??? I can't wait! I am following you now ;o) All the Best ;o)

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  9. r.: era bom era... :c
    ahahahahahahahah! Claro que podes :)

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  10. E como vai andando o 3º episódio?

    depois avisa para eu te vir ler.

    Beijo

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